Vitorino Correia da Silva foi uma liderança indígena que participou da Confederação do Equador, movimento separatista que, em 1824, se instaurou em Pernambuco (e se estendeu às províncias do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba), em consequência da dissolução da Assembleia Constituinte de 1823 por decreto do imperador Pedro I.
Vitorino era vereador e capitão-mor de Arronches, na época uma vila de índios localizada nos arredores de Fortaleza. Para quem ainda não sabe, as vilas de índios tiveram origem nos aldeamentos indígenas emancipados em 1757, como parte do pacote que expulsou os jesuítas do Brasil. E Arronches, desde que as Cortes portuguesas ordenaram a volta de D. João VI a Portugal, em 1821, era palco de revoltas indígenas contra o fantasma da escravidão (a qual já tinham sido submetidos por colonos lusitanos, em tempos recentes).
Segundo artigo de João Paulo Peixoto Costa, do Instituto Federal do Piauí (IFPI), a presença de lideranças indígenas como Vitorino Correia da Silva, na Confederação do Equador, deflagrada em 1824, estava ligada às atitudes autoritárias de D. Pedro I, interpretadas como um suposto plano de recolonização dos portugueses:
“Para os índios, desde 1821, Portugal passou a significar uma ameaça às suas liberdades, como se de lá viessem intenções de novamente submetê-los à escravidão, assim como haviam sofrido seus antepassados”, escreve.
O lugar onde ficava a Vila de Arronches era, originalmente, chamado de Parangaba pelos indígenas. O professor do IFPI atenta para o fato de Vitorino Correa da Silva ter acrescentado, durante a Confederação do Equador, a antiga alcunha do lugar ao seu nome. E avalia que essa atitude foi uma maneira explícita de marcar posição, tanto como afirmação da posse das terras indígenas, como oposição a qualquer tentativa de escravização dos índios.
Participaram da Confederação do Equador várias tropas indígenas, além das lideradas por Vitorino Correia da Silva “Parangaba”. Relatos do Almirante Cochrane, mercenário contratado por D. Pedro I para render os revoltosos, revelam o quanto foi importante a negociação com os indígenas para a pacificação de Fortaleza, Ceará, pois eles eram numerosos.