Ferramenta de aproximação entre a escola e a sua comunidade, as redes sociais são meios comumente utilizados pelas unidades de ensino da Rede Municipal. Na E.M. Finlândia (7ª CRE), localizada no bairro do Camorim, na Zona Oeste carioca, não é diferente. Com a necessidade de divulgar as diversas atividades escolares, professores e alunos se mobilizaram e montaram uma equipe, surgindo assim o Time F.
Representante da 7ª CRE na Andar - Agência de Notícias dos Alunos da Rede, o Time F é uma organização estudantil que viabiliza o protagonismo dos alunos por meio do monitoramento das redes sociais da escola.
Segundo o professor de Ciências, Edson Dionisio, as redes sociais da E.M. Finlândia começaram em 2017 com perfis no Facebook, Instagram e Twitter, destacando principalmente as oficinas de teatro e os projetos de artes. Com o tempo, outras atribuições foram surgindo:
"As redes sociais deixaram de ser apenas para realizar um trabalho de divulgação, mas também produzir conteúdos. A intenção foi gerar informações, por exemplo, sobre questões de gênero ou sobre política. Não atingiriam apenas do muro para dentro da escola, mas também do muro para fora”, diz o professor.
Em depoimento em vídeo para o lançamento da Andar, a aluna do 9º ano, Clara Pinheiro Machado, de 16 anos, explica como o Time F atua nas redes sociais:
“A gente pega toda rotina da escola e coloca no Instagram. Além disso, produzimos conteúdos próprios, aqueles que têm a ver com os conteúdos curriculares da escola”.
Reconhecimento e parceria com agência de checagem
O Time F conseguiu um desempenho signficativo nas redes sociais que chamou a atenção da Agência Lupa, especializada em checagens de notícias, e que incluiu a ação dos alunos em seu projeto Lupa Educação. Em 2018, os alunos produziram vídeos da série intitulada “Fato ou Boato?”, chegando a publicar um vídeo por semana:
"O objetivo era desmitificar certas ideais e jogar luz sobre as fakenews. Por exemplo, manga com leite mata?”, exemplifica o professor Edson Dionisio.
Nesta série, os alunos abordaram temas como a diferença entre gripe e resfriado, chocolate e seus efeitos na TPM, a história de Jesus, e até se o papa-léguas é realmente mais rápido que um coiote. A parceria com a agência de checagem trouxe mais segurança para a equipe:
“Estávamos aprendendo a editar, era muito amador. Quando a gente olha e compara com os vídeos atuais, vemos como estávamos engatinhando”, relembra Edson Dionisio, que destaca que a visibilidade do projeto levou os alunos a darem entrevistas para canais de televisão.
Outra produção destacada pelo professor é a série “A Luz da História”, com vídeos que chegam a alcançar cinco mil visualizações no Facebook, abordando temas sobre o surgimento da primeira favela do Brasil, a biografia do presidente Getúlio Vargas, e a história de regimes totalitários, como o Fascismo. Nestas eleições de 2022, o Time F também produziu conteúdo:
“Foi um dos trabalhos mais interessantes, produzimos um video muito legal, falando sobre a importância do voto, de acompanhar o andamento da política, sem abordar questões ideológicas, falando como que a política está em tudo, nos ônibus que passam, na escola”, explica Edson Dionisio.
Seleção rigorosa para entrar no Time F
A tarefa de cuidar dos conteúdos é dividida em duplas. As sugestões dos assuntos abordados podem vir do professor, da direção da escola, ou de alunos de qualquer turma, não apenas do Time F. Mas para ingressar na equipe, formada por alunos do 7º ao 9º ano, há pela frente um processo de seleção rigoroso:
“Essa seleção tem três etapas. Converso com professores sobre o que eles acham de cada um, depois há uma entrevista eliminatória comigo, e a última etapa é uma entrevista com os próprios integrantes do projeto, eles dão a palavra final”, diz Edson Dionisio, enaltecendo o poder de decisão dos alunos do Time F.
Os alunos selecionados recebem uniformes com seus nomes, além de crachás personalizados. Os integrantes circulam pela unidade escolar como monitores, servindo de exemplo aos demais alunos. O professor destaca que cada membro do Time F deve se preocupar com a postura na escola:
“Quando eles ingressam, é importante um certo padrão, ter notas boas e bom comportamento”, explica.
Redes sociais como ambiente de afetos com a comunidade escolar
Além da produção de conteúdos que ganham as redes da E.M. Finlândia, os perfis também servem de espaço de divulgação dos eventos, retomando a ideia inicial de seu surgimento. Festividades, como o Halloween, mensagens para o Dia das Crianças ou homenagem ao Dia dos Professores são lembrados nos conteúdos do Time F.
Destacam-se também na grade do Instagram os anúncios das aberturas para o Troféu Finlândia, que reúne diversas categorias, como melhores alunos dos anos finais e aluno com maior evolução nas notas. Em 2022, foram criadas as categorias de melhor funcionário do ano e de melhor projeto. Os vencedores ganham troféus gravados com seus nomes, em cerimônias organizadas pelo próprio Time F.
“Como a escola produz muita coisa, é muito ativa, o professor responsável pelo melhor projeto também vai receber um troféu", diz Edson Dionisio.
A diretora da E.M. Finlândia, Viviane Ramos, enaltece a abordagem do uso das mídias digitais nas aulas de diversos professores:
“As aulas abordam o tema da educação midiática, tanto pela utilização dos recursos tecnológicos, quanto para reflexão de temas como compartilhamento de notícias, checagem de informações, e suas responsabilidades envolvidas, bem como o aprimoramento de habilidades como leitura e escrita”, explica a diretora.
Outra atribuição das redes da escola, além das outras anteriormente citadas, é lembrada por Viviane Ramos:
“Além das principais funções sociais, como divulgação de atividades pedagógicas, há a de valorização das relações afetivas, por exemplo, o #tbt”, diz a diretora, mencionando a sigla em inglês para “throwback thursday“, geralmente incluída nas postagens das quintas-feiras que lembram momentos do passado.
Para Viviane Ramos, a participação do Time F na Andar é motivo de boas expectativas para os alunos:
“É possível perceber, nos relatos dos alunos, a motivação pela aprendizagem com interação da MultiRio e de estudantes de outras escolas”, diz a diretora.