Marli e Elisa dão aula na E.M. Holanda, situada no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, 11ª CRE. Como em muitas localidades cariocas, conflitos armados são comuns na comunidade próxima, e as crianças da alfabetização vivem imersas em um cotidiano em que a violência é um dado com o qual se convive.
Diante dessa realidade, as professoras Marli e Elisa decidiram trabalhar a paz por meio do conteúdo transmitido aos estudantes de 7 anos. “Os alunos desenham pessoas com armas na mão, brincam de polícia e bandido – e quem serve de modelo a ser seguido por eles é o bandido. No contato interpessoal, se impõem pela força. Decidimos tentar transformar esse comportamento”, explica Marli. Elas desenvolvem um trabalho conjunto, com troca de ideias no planejamento de aulas e se apoiando mutuamente nas tarefas diárias.
Na busca por levar às crianças uma vida com mais paz, as professoras começam pela identidade: como você faz para estar bem? Como é possível estar bem com os outros? Em seguida, abordam questões como bullying e preconceito, e prosseguem demonstrando que há diversas formas de construir a paz, seja como Wangari Maathai, que lutou pela democratização do Quênia e plantou 30 milhões de árvores, restaurando locais ambientalmente degradados, ou à maneira de Malala Yousafzai, paquistanesa que, aos 12 anos, lutava para ter o direito de ir à escola. Maathai foi laureada com o Prêmio Nobel da Paz em 2004 e Malala, em 2014.
Marli conta que as crianças adoram a iniciativa, o que se traduz em mudança de comportamento: ficam mais tranquilas, reagem de forma assertiva às tentativas de bullying, pedem por favor e agradecem.
Ludicidade, realidade e multidisciplinaridade
Outro norte da parceria mãe e filha é usar como técnica a ludicidade.“Criança gosta de arte e música”, sentencia Marli Rojas. Por isso, para falar sobre história afro-brasileira, usam a canção África, da dupla Palavra Cantada, que em sua letra nomeia vários países daquele continente, muitos cuja língua é o Português.
Essa sensibilização inicial motiva o estudo, além de História e Língua Portuguesa, de Geografia. E lá vai a turma ver mapas, localizar países. As professoras explicam que, na teoria, crianças de 7 anos não deveriam se interessar por mapas, mas os alunos delas gostam muito. Então, elas adaptam o que aprenderam na faculdade e dialogam com a realidade que se apresenta. “As crianças se deixam envolver, vibram quando usamos o componente lúdico para explorar as diversas disciplinas possíveis para determinado tema. Elas acham que estão brincando e, assim, aprendem muito.”
Marli Rojas não nivela por baixo. “Quero ampliar a visão de mundo dos estudantes. Eles conhecem bem o rap, o funk, não precisam de mim para isso. Então, apresento a poesia de Fernando Pessoa, a arte muralista de Diego Rivera. Os alunos confeccionam, escrevem e ilustram vários ‘livros’ de folhas de papel ofício, para aprender conceitos como estreito, comprido, contrário ou para homenagear os avós. “Muitos aqui são os primeiros membros da família a ler com fluência. É uma vitória deles, dos alunos, sobre a própria história. Nas reuniões de pais, pergunto aos responsáveis o que esperam da escola, por que colocam seus filhos para estudar. E eles dizem que é para os filhos terem uma vida boa no futuro. Respondo que a escola serve para os estudantes terem uma vida melhor agora – na ida ao supermercado, ao ler um gibi. Aprender para usar já!”
Marli e Elisa dizem que também aprendem muito ao exercer o magistério – despindo-se dos próprios preconceitos, aceitando as diferenças, respeitando o que o outro traz. E empenham-se em fazer uma escola aberta a toda criança. Mesmo para aqueles com questões familiares, sociais ou psiquiátricas.
Nesse processo, elas acolhem também os pais, oferecendo oficinas, como a de confecção de bonecas abayomi e degustação de canjica – duas tradições trazidas pelos africanos para o Brasil. “Para ensinar é preciso afetividade, delicadeza e respeito à dignidade humana.”
Elisa possui formação universitária em Serviço Social e utiliza seus conhecimentos para atender as mães por até 40 minutos depois das aulas. São momentos de escuta, nos quais a professora ouve relatos de conflitos familiares diversos.
Marli formou-se em História na UFRJ e tornou-se professora do Município em 1995. Antes de chegar à escola atual, lecionou em outras unidades da Ilha do Governador: E.M. Alvaro Moreyra, no Jardim Guanabara, Ciep João Mangabeira, em Bancários, e E.M. Abeilard Feijó, em Cocotá. A filha Elisa, inspirada pela mãe, decidiu seguir a carreira do magistério e, concursada, há sete anos exerce o ofício nessa parceria de sucesso.
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